Concurso Pequenos Contadores de Histórias - 2009

A nona edição do Concurso Pequenos Contadores de Histórias promete!

Em algumas salas a eleição do candidato para representar a turma foi bastante disputada. Dois ou três votos fazia a diferença para o eleito. Em breve divulgaremos a agenda de apresentação nos dois turnos. A todos os candidatos a Contadores de Histórias desejamos muito sucesso em suas apresentações!

Leia, abaixo, um conto de Carlos Drummond de Andrade sobre um contador de histórias muito especial.

Histórias para o Rei

“Nunca podia imaginar que fosse tão agradável a função de contar histórias, para a qual fui nomeado por decreto do Rei. A nomeação colheu-me de surpresa, pois jamais exercitara dotes de imaginação e até me exprimo com certa dificuldade verbal. Mas bastou que o Rei confiasse em mim para que as histórias me jorrassem da boca à maneira de água corrente. Nem carecia inventá-las. Inventavam-se por si mesmas.

Este prazer durou seis meses. Um dia, a Rainha foi falar com o Rei que eu estava exagerando. Contava tantas histórias que não havia tempo para apreciá-las e mesmo para ouvi-las. O Rei, que julgava minha facúndia* uma qualidade, passou a considerá-la defeito e ordenou que eu só contasse meia história por dia, e descansasse aos domingos. Fiquei triste, pois não sabia inventar meia história. Minha insuficiência desagradou, e fui substituído por um mudo, que narra por meio de sinais, e arranca os maiores aplausos.”

* Facúndia= facilidade de falar, abundância de palavras.

Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Histórias para o Rei: conto. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. (Coleção Mineiramente Drummond). p. 50